Agência do Brasil localizada no Centro Administrativo do Estado, onde fica a Governadoria – Foto: Fábio Santos

O Sindicato dos Servidores da Administração Direta do Rio Grande do Norte (Sinsp-RN) denunciou nesta semana que os empréstimos consignados seguem bloqueados para servidores públicos estaduais desde o dia 11 de abril. A informação foi confirmada junto ao Banco do Brasil, principal instituição financeira conveniada com o Estado. Segundo o sindicato, o bloqueio tem agravado a situação financeira de servidores, principalmente aqueles com salários mais baixos.

De acordo com a presidente do Sinsp, Janeayre Souto, a situação não é nova. “Por inúmeras vezes, houve esse mesmo processo maléfico por parte do governo: ir ao contracheque da servidora e do servidor, pegar o valor das parcelas do empréstimo consignado, fazer a gestão utilizando esse dinheiro e não repassar às instituições bancárias. Um absurdo que parece não ter fim”, afirmou.

Essa é a segunda vez apenas em 2025 que os consignados são suspensos, segundo Janeayre. Ela relata que muitos trabalhadores têm buscado agências do Banco do Brasil no Centro Administrativo do Estado em busca de novos créditos para arcar com despesas básicas, como alimentação, medicamentos e aluguel. O sindicato afirma que há servidores sofrendo cobranças bancárias por parcelas já descontadas em folha, mas que não foram repassadas pelo governo estadual.

O crédito consignado é uma linha de financiamento com desconto direto na folha de pagamento e é popular entre servidores públicos por oferecer taxas de juros mais baixas. Com a suspensão, muitos enfrentam incertezas e risco de ter descontos duplicados, como alerta Janeayre: “Os impactos são sentidos principalmente pela categoria com menores salários, já que correm o risco de ter as parcelas descontadas em duplicidade, diminuindo ainda mais seus vencimentos que já são próximo ao salário mínimo.”

Além dos trabalhadores com contratos vigentes, servidores que desejam contratar novos empréstimos também são afetados. Segundo o Sinsp, a margem consignável – que determina quanto do salário pode ser comprometido – não está disponível para consulta, o que inviabiliza novas operações. “Quando vão procurar crédito nas instituições bancárias recebem a negativa por conta da suspensão dos empréstimos consignados”, ressaltou a presidente do sindicato.

Em resposta à reportagem da 98 FM, o secretário da Fazenda do Estado, Carlos Eduardo Xavier, rebateu as críticas e minimizou o problema. “Esse problema acontece pontualmente. De 2023 até aqui, acredito que apenas em dois meses (o empréstimo) foi bloqueado”, declarou. Xavier afirmou ainda que o pagamento integral ao banco será feito no dia 9 de maio, e que as operações serão retomadas no dia seguinte, 10 de maio.

O Banco do Brasil, por sua vez, informou que atua conforme a legislação e os contratos vigentes, e negou qualquer cobrança indevida aos servidores. “Informações adicionais sobre o convênio podem ser obtidas diretamente com o ente público”, declarou a instituição em nota.

O Sinsp afirma já ter levado a denúncia a órgãos de controle e comissões parlamentares na Assembleia Legislativa, mas cobra uma solução definitiva por parte do governo. “A história se repete e o maior prejudicado sempre é o servidor mais humilde”, concluiu Janeayre.

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